Para traçar a história do Apostolado Mundial de Fátima é preciso ir até á pequena paróquia de St. Mary of Plainfield, em Nova Jérsia, nos Estados Unidos da América. E porquê?

Porque foi precisamente aí que o Rev. Padre Harold V. Colgan lançou os alicerces deste movimento. Tudo começou em 1946, quando estando ele muito doente e internado no hospital, sem melhoras à vista, prometeu a Nossa Senhora que, se Ela o curasse, dedicaria o resto da sua vida propagando a devoção Mariana. O milagre aconteceu e o pároco de St. Mary de Plainfield cumpriu a sua palavra. Duas vezes por semana, dedicava a sua pregação à Virgem Maria. Eram muitos os que o escutavam.

Na Primavera de 1947, o senhor bispo de Leiria benzia em Fátima uma imagem da Virgem Peregrina, destinada a visitar os Estados Unidos. A Mensagem de Fátima começava assim a ter ecos profundos nestas terras. O Padre Colgan, impressionado pelo conteúdo da revelação que Nossa Senhora feito em Fátima, sentiu que a devia difundir na sua paróquia convidando os seus paroquianos a pô-la em prática. Para facilitar, sintetizou esta mensagem em três pontos principais: devoção ao Imaculado Coração de Maria, recitação e meditação diária do Terço e fiel observância dos deveres cristãos. O objetivo era assim o de responder aos pedidos da Santíssima Virgem em Fátima e contribuir para alcançar a Paz no mundo e a conversão da Rússia. Esta campanha foi rapidamente coroada com os melhores êxitos.

No entanto, o Padre Colgan sabia que não eram suficientes apenas as boas intenções pois facilmente poderiam ser esquecidas. Decidiu por isso acrescentar aos três aspetos já mencionados outros dois, totalmente externos à mensagem. O primeiro era a assinatura de uma Promessa, através da qual as pessoas comprometiam-se a cumprir os pedidos de Nossa Senhora; o segundo, o uso de um símbolo externo, como por exemplo uma medalha ou uma fita azul que recordasse essa promessa. A inscrição seria sempre grátis e nunca constituiria um voto sob pena de pecado. 

A pequena paróquia de St. Mary de Plainfield alistou-se massivamente: “Nós seremos o Exército Azul de Maria e de Cristo, contra o exército vermelho do mundo e de satanás”, pregava o Padre Harold do seu púlpito. Tempos mais tarde, o pároco de Plainfield convidava o escritor John Haffert, autor de vários livros, para dar uma conferência na sua paróquia. Haffert falou sobre as Aparições de Fátima e rapidamente notou que estava perante uma audiência extremamente entusiasta. Na sua mente ocorreu então a ideia de expandir esta experiência a outras paróquias e países.

Tal projeto era audaz, mas nem o Padre Colgan nem o Senhor Haffert eram o tipo de pessoas que hesitassem perante a responsabilidade do futuro. Assim nascia o Exército Azul. Desde aquele dia, Colgan e Haffert nunca mais se separariam. Ambos planeiam e executam. O Padre Colgan chegou mesmo a vender o seu carro para cobrir as primeiras despesas do movimento. Em Maio do mesmo ano, o humilde pároco de Plainfield foi ao Vaticano apresentar o projeto ao Santo Padre, o Papa Pio XII, que o recebeu e lhe disse: “Como chefe mundial contra o comunismo, eu te abençoou a ti e a todos os membros do Exército Azul”. A fundação do Exército Azul estava assim oficializada. Como um fogo, espalhar-se-ia pelo mundo inteiro. Em 1950, já existiam um milhão de membros registados. Em 1953, cinco milhões, e hoje em dia, o número ascende os vinte milhões, espalhados por vários países de todo o mundo.

A extraordinária expansão deste movimento em tão curto espaço de tempo foi a resposta natural aos pedidos de Nossa Senhora de Fátima e à sua descrição exata da presente crise moral, espiritual e religiosa do mundo. A mensagem foi divulgada através de todos os meios possíveis, nomeadamente através dos grupos de oração ou “células" que se iam multiplicando por todo o lado, conferências, peregrinações com a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, produção de filmes e programas de televisão, entre outros.  

A nível internacional, o bispo de Leiria, D. João Pereira Venâncio, foi o primeiro Presidente do movimento. A sede internacional foi estabelecida na Domus Pacis, em Fátima, Portugal. A associação era então uma associação privada de fiéis.

Com o pontificado de São João Paulo II, a mensagem de Fátima tornou-se mais percetível como um carisma para a Igreja universal. João Paulo II foi verdadeiramente o Papa de Fátima. Ele identificou-se com o conteúdo da terceira parte do segredo de Fátima, tornado público no dia 13 de maio de 2000, durante a cerimónia de beatificação dos bem-aventurados Jacinta e Francisco Marto. O Papa que havia sofrido uma tentativa de assassinato em 1981 afirma que foi a mão maternal de Nossa Senhora a desviar a bala, salvando assim a sua vida para que pudesse ainda servir durante muitos anos a Sé de Pedro, a Igreja Universal e o mundo. O mundo necessita de “PENITÊNCIA, PENITÊNCIA, PENITÊNCIA” para converter muitos pecadores, salvar muitas almas e evitar o terrível sofrimento causado pelo pecado. É necessário um novo esforço para salvar o mundo e tornar possível uma nova era de paz e esperança, prometida em Fátima. Para conseguir isto, o objetivo principal da Igreja Universal para o século XXI e o novo milénio é a Nova Evangelização.

Foi assim que o Exército Azul de Nossa Senhora de Fátima progrediu até assumir a designação atual de Apostolado Mundial de Fátima. A Santa Sé sugeriu a mudança do nome para dar enfase a um Apostolado Mariano, eclesial na sua natureza, evitando assim o preconceito que existia por parte de muitos contra a palavra “Exército” e a sua óbvia conotação militar. No seguimento disto, o professor Américo Pablo López-Ortiz, filósofo do Porto Rico, foi convidado a escrever os princípios filosóficos e teológicos da nova organização para serem apresentados à aprovação da Santa Sé.

Com o tempo e analisando a dinâmica do Apostolado de Fátima em vários países, reconheceu-se também a necessidade de inserir um quarto elemento à Promessa que os membros assumem, isto é, a prática da devoção dos Cinco Primeiros Sábados em reparação ao Imaculado Coração de Maria.

A 7 de outubro de 2005, Festa litúrgica de Nossa Senhora do Rosário, o Conselho Pontifício para os Leigos reconheceu o Apostolado Mundial de Fátima como associação de direito pontifício para a Igreja universal. O Apostolado adquiriu assim uma natureza eclesial maior com um renovado carisma: a Nova Evangelização do mundo através da Mensagem autêntica de Fátima.

A 3 de Fevereiro de 2006, para marcar esta nova etapa do movimento, realizou-se em Roma uma cerimónia oficial e um congresso internacional onde participaram várias personalidades ligadas à história do movimento e a Fátima.

A direção internacional da associação tem desde essa altura como seu primeiro presidente leigo, o professor Américo López Ortiz.

No ano de 2010, o Apostolado Mundial de Fátima vê reconhecido a aprovação definitiva dos seus estatutos.

Atualmente, o Apostolado Mundial de Fátima está presente em mais de 110 países e continua a crescer, contribuindo para que a Mensagem de Fátima chegue ao coração de muitas pessoas e se crie “uma civilização do amor, uma nova primavera para a Igreja, um novo Pentecostes Mariano”.